Associação de Professores de Matemática contesta alterações curriculares
As alterações curriculares do ensino básico, que deverão entrar em vigor no próximo ano lectivo, vão pôr em causa a implementação do novo programa de Matemática, que começou agora a ser aplicado, alertou hoje a associação de professores daquela disciplina.
Num comunicado enviado à imprensa, a Associação de Professores de Matemática afirma não entender “a razão pela qual se pretende alterar o padrão de organização dos tempos lectivos em períodos de 90 minutos, permitindo que aquilo que hoje é uma excepção (a organização em períodos de 45 minutos) possa vir a ser adoptada como regra”. A associação lembra, a propósito, que “no caso específico da disciplina de Matemática todos os documentos curriculares pressupõem a organização do trabalho em blocos de 90 minutos” e que só assim se pode garantir uma melhor aprendizagem.
“A APM quer crer, pois, que a generalidade das escolas não deixará de continuar a adoptar como unidade lectiva de referência o bloco de 90 minutos. A não ser assim ficaria, de forma definitiva, inviabilizado o reajustamento programático” para a disciplina derivado do Novo Programa de Matemática para o Ensino Básico, cuja aplicação generalizada se iniciou no presente ano lectivo, acrescenta.
Frisando que o ensino básico “necessita, com urgência, de ver repensada a sua estrutura curricular”, a APM adianta que este objectivo nunca será alcançado com “medidas avulsas e não devidamente fundamentadas”, como aquelas que foram agora aprovadas.
A APM manifesta também “a sua discordância relativamente à forma como se pretende extinguir as Áreas Curriculares Não Disciplinares de Estudo Acompanhado e Área de Projecto”, lembrando que, no âmbito do Plano de Acção para a Matemática, lançado há quatro anos, aqueles tempos lectivos têm vindo a ser utilizados para o reforço do trabalho em Matemática e Língua Portuguesa. Com as alterações aprovadas, nenhuma das disciplinas terá tempos acrescidos.
Sublinhando que estas medidas são adoptadas “contra o parecer generalizado da maioria dos intervenientes no processo educativo”, a associação diz lamentar “profundamente que o único fundamento de tudo isto se encontre plasmado nas medidas de consolidação orçamental e não em quaisquer razões de natureza pedagógica e científica que sempre devem nortear as decisões que actuam sobre a gestão e desenvolvimento curriculares”.